EB 2,3 Infante D. Fernando - Biblioteca

03/03/2015

Novos livros na estante

Livros oferecidos pela professora Fernanda Lopes, os quais a biblioteca muito agradece.


"Herdeiros da velha Provença medieval, que desempenhou um papel tão importante nas origens da poesia portuguesa, os poetas desta antologia representam uma grande renovação ao nível europeu. Após Frederico Mistral, Prémio Nobel da Literatura em 1904, os poetas de língua d'oc tomaram de assalto formas poéticas mais atuais, sem todavia desprezarem o seu passado clássico."



"Antologia da poesia provençal moderna"
Louis Bayle, Manuel Seabra



"Como se houvesse uma tempestade
escurecendo os teus cabelos
ou, se preferes, a minha boca nos teus olhos,
carregada de flor e dos teus dedos;

como se houvesse uma criança cega
aos tropeções dentro de ti,
eu falei em neve, e tu calavas
a voz onde contigo me perdi.

Como se a noite viesse e te levasse,
eu era só fome o que sentia;
digo-te adeus, como se não voltasse
ao país onde o teu corpo principia.



Como se houvesse nuvens sobre nuvens,
e sobre as nuvens mar perfeito
ou, se preferes, a tua boca clara
singrando largamente no meu peito."

"Antologia breve", Eugénio de Andrade
Poema escolhido pela aluna Marta Pena




"As nuvens são sombrias
Mas, nos lados do sul,
Um bocado do céu
É tristemente azul.

Assim, no pensamento,
Sem haver solução,
Há um bocado que lembra
Que exista o coração.

E esse bocado é que é
A verdade que está
A ser beleza eterna
Para além do que há."


"Poesias inéditas (1930-1935)", Fernando Pessoa
Poema escolhido pelo aluno Dinis Rodrigues




"Ás vezes passo horas inteiras
olhos fitos nestas braseiras,
sonhando o tempo que lá vai;
E jordaneio em fantasia
Essas jornadas que eu fazia
Ao velho Douro mais meu pai.

Que pitoresca era a jornada!
Logo, ao subir da madrugada,
Prontos os dois para partir:
-Adeus! adeus! é curta a ausência,
Adeus!- rodava a diligência
Com campainhas a tenir (...)"



"Só", António Nobre
Poema escolhido pela aluna Andria Pontes





"Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba;
E os edíficios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina. (...)"

"Avé-Maria" in, O sentimento dum ocidental
Cesário Verde